Angelino Caio Feitosa
(Frei Angelino)
José Pereira Feitosa é o nome de batismo de Frei Angelino, nascido em Porto da Folha aos 09 de janeiro de 1925, filho de Manoel Caio Feitosa e Maria Rosa Pereira Feitosa.
Frei Angelino praticamente viveu sua infância na terra natal, onde concluiu na Escola da professora Raquel o Curso Primário. Com 13 anos de idade foi aprovado no exame de admissão ao Ginásio na cidade de Propriá, cursando ali a 1ª e 2ª séries.
A família percebendo desde cedo sua vocação para o celibato, tratou de conceder as condições necessárias para que ele prosseguisse com seu ideal, enviando-o para o seminário franciscano no Estado da Paraíba em 1940.
Em 1945, no Colégio Seráfico de Santo Antônio de Ipuarana, Lagoa Seca/PB, concluiu o curso médio, ingressando neste mesmo ano, em Olinda/PE, na Ordem Franciscana para fazer o noviciado no Convento de São Francisco, foi ali que recebeu o nome Frei Angelino Caio Feitosa, OFM.
Após concluir o noviciado, Frei Angelino iniciou sua vida franciscana, passando a cursar filosofia no mesmo convento. Posteriormente, em 1949, concretizou no convento de São Francisco em Salvador/BA a Profissão Solene, onde participou do curso de teologia.
Sua ordenação sacerdotal “presbiteriana” se deu em 15/08/1953 na cidade de Campos do Jordão/SP devido à necessidade de tratamento de doença pulmonar naquele Estado, por este motivo houve o retardamento de sua ordenação.
No dia 23/08/1953, Frei Angelino celebrou sua primeira missa, cuja solenidade aconteceu em Porto da Folha meio à grande festa promovida pelos familiares.
Estando em Porto da Folha recém ordenado, recebeu autorização do Provincial para permanecer na terra natal, restabelecendo-se na casa dos pais. Na sua cidade ficou por mais de seis meses prestando importante contribuição ao Padre Gonçalo Lima nas atividades paroquiais.
Após a estadia em Porto da Folha, Frei Angelino foi designado Vice-reitor da Escola Apostólica de Canindé, no sertão do Ceará, onde também foi professor, de 1954 a 1958, preparando os alunos para o Seminário Diocesano e para o Colégio Seráfico de Ipuarana, dos franciscanos.
Na trajetória de educador, Frei Angelino foi transferido par o Seminário de Ipuarana, tendo sido professor de Religião, Português, Grego e Alemão, de 1959 a 1961, além de exercer o cargo de prefeito dos médios (encarregado de acompanhar o dia a dia dos alunos com idades intermediárias entre os mais velhos e os mais novos), em geral os de 3º a 4º anos ginasiais. Devido ao seu zelo na formação dos futuros frades, Frei Angelino foi transferido em 1962 para o Convento de Serinhaém/PE, para ser o Mestre dos Noviços, permanecendo nesta atividade até 1968.
Experiências fora do convento
Estava ocorrendo, na década de 1960, profunda transformação no mundo, inclusive na própria igreja, por conta das inovações introduzidas pelo Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), que proporcionou a abertura e a adaptação da igreja aos tempos atuais; da Teologia da Libertação, adotada por uma ala da igreja da América Latina, que prega a opção preferencial pelos pobres e a sua inserção nesse meio, momento que no Brasil vigora a ditadura militar, onde surgiam muitos movimentos, também dentro da igreja, contra a tortura, a opressão a falta de liberdade.
Com o idealismo cívico aguçado e movido por sentimento libertário, Frei Angelino, que há alguns anos vinha participando dos encontros pastorais em Recife, promovidos e ministrados por Dom Hélder Câmara (o bispo mais vigiado e odiado pelos órgãos de repressão da ditadura militar), resolve sair do convento para viver a experiência de São Francisco de Assis entre os pobres. Porto da Folha é o lugar escolhido por ele para implantar esplêndida inovação. Chegando nesta cidade em 1968, ao invés de se hospedar na residência dos pais ou na casa paroquial, preferiu uma humilde casa na Rua Francisco Alves Feitosa Franco (rua da baixinha).
Em 1969 chegaram a Porto da Folha mais dois franciscanos, ainda estudantes do curso de Teologia: Frei Roberto Eufrásio de Oliveira e Frei Enoque Salvador de Melo, ambos sintonizados com a nova era política e religiosa. Em 1970, Frei Juvenal Vieira Bonfim, que também tinha sido professor em Ipuarana e, posteriormente, vigário da Paróquia de São Pio X, em Aracaju, vinha sendo observado por agentes do regime militar, optou por uma vida menos oprimida juntando-se a Frei Angelino e demais religiosos que se achavam em Porto da Folha. Ali viveram vida simples entre os pobres e cultivando a terra numa pequena roça da paróquia.
Em Porto da Folha estes frades contribuíram significativamente para o aprimoramento cultural dos jovens da época, inclusive para a implantação do Ginásio local e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, introduzindo a comunidade a uma vivência cristã mais consciente. Foi através de Frei Angelino que surgiu a Festa dos Vaqueiros em Porto da Folha, quando este reuniu os vaqueiros e formou uma diretoria composta de cinco membros.
Outros detalhes da atuação desse núcleo pastoral no resgate da cidadania portofolhense, encabeçado por Frei Angelino, estão no livro PORTO DA FOLHA, fragmentos da história e esboços biográficos, de Manoel Alves de Souza.
Em 1973, Frei Angelino e Frei Juvenal decidem deixar Porto da Folha, a fim de implantarem esta experiência noutra região pobre. Paranatema/PE foi o local escolhido por eles, visto que Frei Roberto e Frei Enoque posteriormente também saíram de Porto da Folha.
Além do que foi aqui abordado a respeito deste eremita e frade franciscano natural de Porto da Folha, existem algumas publicações de sua autoria: Estrela Guia; Chão Necessário; Ao encontro de Você; A Graça de Viver; Renasça pela Contemplação e outros artigos publicados no Estado de Pernambuco.
Fonte: Texto baseado nas informações contidas no livro “PORTO DA FOLHA” Fragmentos da História e Esboços Biográficos, de Manoel Alves de Souza. Por Joaquim Santana Neto.